terça-feira, 25 de maio de 2010

Varsóvia






































Quando visitei Varsóvia, em Outubro de 2008, escrevi isto.
No que à cidade diz respeito a prosa era mais ou menos esta:
"Segundo reza a história, quando Adolfo disse: "É para meter no chão!" as SS levaram-no a sério e não deixarem os seus créditos por mãos alheias.
Varsóvia foi de tal forma arrasada (nem 15% da cidade ficou de pé) que no fim da II GG os polacos pensaram em mudar a capital para outra cidade.
Acabaram por desistir dessa ideia e resolveram meter, tijolo por tijolo, tudo no sítio, num esforco de reconstrução notável.
Varsóvia é por isso uma cidade de desiquilíbrios. No centro, a cidade velha, foi inteiramente recontruída com base em desenhos e fotografias da época. A arquitectura imita séculos passados e para quem não sabe o que por ali se passou, dificilmente imagina que a "cidade velha" tem pouco mais de 40 anos. A beleza do local mereceu a chancela da Unesco. Fora deste espaco é o caos. Blocos a perder de vista construídos pelos russos. Feios, grandes, sem cor, sem vida. Aqui e ali salta um arranha-céus construído depois da abertura ao ocidente. De um lado os gulags de Estaline, do outro lado os símbolos do capitalismo. Ideologias à parte...é tudo feio.
Aliás...basta sair uns metros da parte velha e o cenário veste-se de cinzento.
Os bairros judeus que serviram de gueto, estão hoje recuperados. Recuperados significa: com paredes. Alguns prédios mais modernos, pintados e com bom aspecto, têm normalmente guardas à porta. Outros, a cair de maduros, nem 1L de tinta. Não há um plano urbanístico. Cada prédio (ou conjunto de moradores) fala por si. Passar por aquelas ruas deixa uma sensacão esquisita. Um dos maiores dramas da nossa história comecou ali e continuou nos campos de concentracão. As placas de homenagem aparecem em cada esquina.
Do outro lado do rio Wisla está o mercado russo. Outrora o maior mercado da europa (onde se compravam entre outras coisas artigos militares) é hoje um conjunto de barracas onde asiáticos vendem tudo e mais alguma coisa. Uma espécie de feira de Carcavelos XXL, com o papel dos ciganos desempenhados por coreanos, chineses e vietnamitas.
Escapou-me a parte russa da coisa...
Se na vertente de camaradagem (viagem oferecida pela empresa aos 160 colaboradores do departamento) todos os objectivos foram alcancados (e eles são importantes principalmente para quem não é de cá), no contexto turístico não posso dizer o mesmo. Varsóvia é a primeira capital que não me deixa vontade de regressar. Mas também é verdade que nunca fui a Astana.
"
Ora...dois anos depois de ter escrito isto, o que me apetece dizer é que Astana deve ser espectacular (pelo menos ganhei curiosidade de ver a brancura da cidade).
É relativamente fácil imaginar porque é Varsóvia tão feia. Não tiveram vida fácil na IIGG e depois os russos fizeram o favor de destruir o resto. Compreende-se o caos. Há o gueto e toda uma série de momentos históricos que mudaram a nossa vida e que tiveram Varsóvia como palco. Há por isso algum interesse na visita, mas fica por aí. Há que não olhar em redor. A sério, tirando aquele pedacinho protegido pela Unesco, é de longe a capital mais feia que alguma vez vi.
A Polónia tem outros pontos de interesse para mim. Gdansk, Cracóvia e principalmente, Auschwitz, serão passagens obrigatórias, agora Varsóvia, só se o vulcão islandês me pregar alguma partida.

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