quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Istambul, a cidade onde tudo aconteceu





























Não faz muito sentido, pelo menos desta vez, relatar o que vi nesta viagem a Istambul. A parte histórica foi escrita aqui, no longínquo 2008 das ilusões.
O que me apetece mesmo descrever é a experiência vivida.
E comeco com a deslocacão.
A minha viagem preferida acontece entre a ilha de São Miguel e Santa Maria. Não pela paisagem, que é óptima diga-se, mas pelo tempo. 20 minutos. É esse o tempo que gosto de estar no ar naquele teco-teco da Sata.
Já fazer 1,5h em idêntico teco-teco (da Czech Airlines) entre Gotemburgo e Hamburgo, é todo um outro filme. No norte da Europa as nuvens comecam no chão e acabam na Lua, mais coisa menos coisa. O teco-teco a hélice não passa dos 5000km o que significa que fui 1,5h a levar pancada da grossa e a estalar o tímpano com a hélice. Não obrigado. Fiquemo-nos pelos 20 minutos.
Já a Turkish Airlines que me levou entre Hamburgo e Istambul, foi uma supresa agradabilíssima. Já tinha lido o esforco que a companhia estava a fazer para elevar a qualidade (já vão em 4 estrelas), mas superou as expectativas. Aviões novos, servico excelente, imensas ligacões. Entraram na minha lista.
Uma viagem tem sempre o condão de nos aproximar ou afastar de quem segue ao nosso lado. É um tempo de descoberta e de conhecimento, fora do "habitat" natural e com mais tempo disponível para ver, ouvir e analisar.
Desde que comecei a viajar, há uns anos a esta parte, sempre enverguei a mochila sozinho ou na companhia de pessoas do meu circulo mais próximo.
Istambul foi a segunda vez que viajei integrado num grupo, tendo parte da organizacão a meu cargo. A primeira tinha sido numa visita ao campo de concentracão Birkenau, na Polónia, também este ano.
Maior parte dos viajantes, tal como eu, escolheram a Suécia como destino de emigracão. Diferimos no ano de chegada e na cidade de origem, mas partimos todos de onde o Sol castiga mais,
Uma coisa é conhecer alguém de vista ou de conversas de circunstância, outra é viajar.
Tal como na primeira experiência em Auschwitz, regresso de Istambul com uma boa sensacão.
A paciência não é uma das minhas virtudes e por isso sempre achei que viagens de grupo não seriam o meu copo de chá mas, constato empíricamente, que não é bem assim.
Foi óptimo percorrer as ruas de Istambul com outros portugueses que vivem em Gotemburgo. Foi bom descobrir mais pessoas que me fazem rir e ter tempo de conhecer um pouco da história de cada um. Do Alentejo ao Douro, todos diferentes, todos iguais.
Gostei de os conhecer um pouco mais e vejo com bons olhos novas aventuras de mochila às costas.
Tentar juntar os interesses de um grupo de 20 pessoas num programa, não é fácil, mas pode tornar-se engracado quando todos são flexiveis. Foi o caso.
Havia quem quisesse um gin, enquanto outros queriam um bazar ou uma mesquita. Havia quem quisesse um prato cheio de feijoada quando Istambul oferecia kebab. Havia quem quisesse kuduro quando as colunas passavam danca oriental. E, entre sorrisos, todos conseguimos o que queríamos.
Aprendi com o pessoal do norte o que significa a "zona" e  com o pessoal do Alentejo novas aldeias junto à fronteira.
Até o turco do "Hamam" (banhos turcos) conseguiu o que queria! Algumas ossadas portuguesas que, voluntariamente, se colocaram à disposicão para serem escovadas e massacradas com palha de aco e dedos de pedra.
A boa disposicão reinou e nem uma greve de pilotos e uma noite extra em terra nos tirou a moral.
E sim, aconteceu kuduro em pleno Bósforo. Não percebo.
Para mim, enquanto Português, foi importante conviver e aproximar-me de alguns Patricios mais.
O inverno é longo e escuro. Saber que não se está só, pelo menos para mim, ajuda muito.
Cheira-me que vamos repetir, algures por aí.


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